22 de março de 2009

Matar em nome da liberdade?

Escreve Dorota Snočik, Espanha/Polônia/Lituânia

Como todos sabem, em alguns países o serviço militar é obrigatório, como na Lituânia, Letônia, Polônia e etc. Outros países, como Espanha, França ou Itália também tem os seus exércitos, mas o serviço militar é voluntário. Pois é óbvio que sempre haverá pessoas que irão querer aprender o manusear de armas e que em certos momentos poderão atirar em nome da sua nação, e então por espontânea vontade servirão ao exército.

Vem a pergunta se ainda é necessário a obrigatoriedade do serviço militar? Ou se ainda as pessoas terão que procurar todos os meios para se verem dispensados de tal obrigação(Como muitas vezes acontece na Lituânia)? Realmente queremos que alguém mate em nome de nossa liberdade ou por motivo que normalmente não são tão claros? Qual é vossa opnião sobre isso?

Falando sobre este tema podemos lembrar de Israel, que nos últimos tempos sempre está nas notícias. Em Israel o serviço militar é obrigatório tanto para homens como para mulheres. Na lista para as forças armadas estão até mesmo imigrantes (!). Todavia mesmo lá, onde há um conflito sério com a Palestina, aparece pessoas que se negam a entrar para o exército e lutar contra o inimigo apontado. Shministim, um movimento de alunos em Israel, que por vários motivos são contra o derramamento de sangue e guerras, muitas vezes são punidos e perseguidos.

Realmente um grupo de soldados são capazes de conquistar a nossa liberdade, no sentido verdadeiro da palavra?

______________


Escreve Eduardo Mendes Barbosa, Brasil

Há muito tempo os exércitos são usados, não como uma alternativa de DEFESA de uma nação, mas como um
instrumento de medo e soberania em defesa de GOVERNOS que agem como se fossem os “escolhidos divinos” e não
como os escolhidos da nação para imporem interesses que julgam serem corretos. Estes interesses na maioria das
vezes estão atrelados ao poder econômico.

Acho que nestes países que por tradição entram muitas vezes em conflitos territoriais, como Israel, é bem mais
difícil mudar a obrigatoriedade de servir ao exército do que em países que não tem, em sua história recente,
conflitos deste tipo. Minha preocupação é se existe a possibilidade de ir contra isso apenas impondo ideias e
discutindo soluções, sem a utilização de armas,

______________


Escreve Kristina Survilaitė, Lituânia
Desde os tempos mais remotos as pessoas discordavam-se, lutavam-se uma contra as outras, isto está em nossos genes. Um dos motivos de criar o Estado foi a defesa contra os inimigos externos. Se olharmos para o exército do ponto de vista dos direitos da pessoa, então claro que assassinatos, não importa com qual objetivo, ou defendendo a nação ou estravazando a raiva, seria não permissível, mas não é atoa que mesmo países muito evoluidos do ocidente em seu sistema judiciário e em leis internacionais, regulamentando os limítes do uso da violência, faz ser legítimo o uso de métodos violentos, e um destes momentos é numa guerra por exemplo.

Na minha opinião o exército é necessário, a pergunta é qual o limíte do uso da força.
De acordo com as leis internacionais é proibido a intervenção de um Estado no território de outro Estado, mas no século XXI ainda não é descartavél uma coisa assim. Excelente exemplo é a guerra entre Rússia e Geórgia. Mesmo que na minha opinião a comunidade internacional interveio muito pouco neste conflito, mas influência mesmo assim de alguma forma houve. Um Estado depois da guerra pode ser isolado e e expulso da comunidade internacional, isto é um castigo terrivel ao Estado.
Pois então, o exército é necessário, mas eles devem existir para garantir a independência e a defesa do território de um país, e não para a defesa de interesses de determinados grupos politicos ou pessoas influêntes.

Mas sou a favor de um exército prifissional, se a pessoa não quer servi-lo, não deveria ser obrigado. Na minha opinião isto feriria os direitos humanos, pois nunca se deve obrigar alguém a oferecer sua vida . Se há pessoas que fazem isso por espontânea vontade e quer dedicar sua vida às forças armadas, para que precisamos traumatizar pessoas e obriga-las a servir,
______________________________

Escreve Frank Van der Berg, Holanda

Tão pouco que eu sei sobre a organização de Shministim, parece que é um movimento que merece todo o respeito. As pessoas e líderes em Israel só precisam entender que uma nação é uma comunidade ‘imaginada’. É um tipo de ‘ideal’ (sem que eu diga que é um bom ideal) que numa parte geográfica limitada mora só um povo ou pelo menos este tem todos os direitos para oprimir os outros, porque o país seria destinado para aquele povo. Em quase todos os países há algumas problemas assim, pessoas que não podem aceitar a realidade que moram estrangeiros no país delas. Acho que deve ser o direito de todos refusar o serviço militar. Toda a gente que é em favor da liberdade de expressão precisaria pensar assim, porque o serviço militar obrigatório nos deixa lutar para ideais do governo de um país em que nascimos por acaso.

Do outro lado, podemos votar e assim temos influência na opinião geral do país. Talvez seja bom quando a maioria da nação quer que o indivíduo lute para a nação, que isso acontece. Se não seja assim, o governo provoca descontatamento (porque a democracia não está funcionando).

Mesmo assim, a minha opinião não muda. Não é bom para um indivíduo com intenções pacifisticas lutar numa guerra, e representar lá um conceto vago como a ‘nação’. Ele podia estar filosóficamente no outro lado, como um alemão anti-nazista na segunda guerra mundial. Por isso, penso que deve ser um direito de refusar o serviço militar. Se não, o indivíduo risga morrer para idéais que não compartilha.

__________________


Escreve Aušra Bučytė, Lituânia
Nunca refleti sobre isso se o serviço militar deve ou não ser obrigatório. Na verdade sou a favor de que haja exército, mas não necessariamente que anualmente jovens sejam chamados para ele. Acho que o correto é haver para todos os homens um treinamento curto de algumas semanas, assim não haveria um longo periodo longe da família e amigos, não precisaria deixar estudos ou trabalho. Mas com as mulheres a situação é totalmente diferente. Não penso que Israel age corretamente, quando obriga tanto homens como mulheres, pois a mulher por natureza é destinada não a isso. Mas acho que elas tem que ter o direito de escolher se querem ou não servir, quando são fortes suficientes, querendo aprender o que é um exército.
A última idéia vinda deste tema é que a civilização comtemporânea não é uma selva. As guerras contemporâneas são feitas de palavras e ideias. Apenas delas e não de armas, podemos resolver qualquer problema, resolver todos os desacordos, negociar. E como seria bom se isso compreendesse não somente nós, mas e outros países: Irão, Israel, Estados da Àfrica,
______________

Escreve Vladas Bartochevis, Lituânia/Brasil

São relevantes as posições daqueles que defendem a obrigatoriedade do exército e daqueles que são contrários.

Aqueles que são a favor dizem que é necessário que todos os cidadãos saibam manejar armas e o que é uma situação de guerra. Dizem que nosso povo pode ser pacífico, mas nunca se sabe as intenções de um país vizinho, e todos tem de estar preparados para defender sua nação dos perigos.

Os contrários dizem que já foi muitas vezes provado que um exército profissional, mesmo que seja bem menor, tem muito mais eficácia do que um exército maior de amadores que sempre vestiram os uniformes apenas por obrigação.

E além deste argumento há o fato de ser uma agressão ao ser humano obrigá-lo a fazer o que não se quer. Sempre achei uma arrogânia imensa dos Estados verem o cidadãos como seus instrumentos, quando deve ser o contrário.

Cada um deve ter o direito de escolher os rumos da sua vida... se quer fazer parte de um grupo de soldados, ou de um grupo de médicos, de engenheiros, de carpinteiros, etc. Pois assim vê-se não apenas o uniforme, mas fica também vizivél o coração e a alma, essenciais para qualquer sucesso,

____________

Escreve Pedro Ivo(Hadenes), Brasil

{Devemos sempre nos perguntar qual é o senso de nacionalismo? Amar a cultura em que vive? Em que nasceu? Ser fanático pela bandeira do país?
Eu particularmente não sou nnacionalista extremista, gosto muito pouco da cultura do país em que nasci. Agora isto é errado? Com certeza não...
As guerras servem pra defender algo em comum em ambos os lados das froteiras inimigas...pode se haver um crescimento na guerra quando omais forte se torna vencedor dos fracos...mas nem sempre esses fortes são bons como podemos ver na história tanto religiosa como politica...na verdade são fracos mascarados de fortes...enganadores no fundo de si...
Acho que o mundo não chega mais a este pensamento, mas a humanidade só evoluira quando deixar esse patriotismo descabido e sem proporções.
A humanidade só evoluirá quando tiver a mentalidade não de país, mas que o MUNDO, o planeta terra em geral é seu país!),

Semente - Shministim, Israel

Shministim é um movimento de estudantes em Israel que tem como objetivo a luta contra o derramamento de sangue e a guerra. Eles se negaram à servir o exército em Israel. Por seu comportamento são muitas vezes punidos e perseguidos.

Shministim são jovens de 16, 17, 18 anos, os quais sonham com a paz entre israelenses e palestinos, e em todo o mundo. Com a organização Jewish Voice for Peace Shiministim tenta fazer com que o maior número possível de pessoas no mundo saibam sobre eles, para que o governo de Israel saiba que eles não estão sozinhos. Pelo seu "antipatriotismo" muitas vezes são levados à cadeia, são alvos de chantagens, espulsos das escolas e muito agressivamente criticados.

Houve algumas companhias internacionais contra as prisões dos Shiministim. Algums deles foram presos várias vezes.
Nos tempos de hoje uma das armas mais poderosas é a informação. Esta arma os Shiministim tentam usar: se o mundo souber sobre eles(e se preocupassem) isso poderia garantir a segurança deles.
Mais sobre eles é possível saber no site da organização Jewish Voice for Peace: http://december18th.org/. Neste site também pode-se juntar-se à lista de pessoas que apoiam os Shiministim.

Abaixo um curto video onde falam os próprios Shiministim, explicam porque resolveram irem contra as leis e políticos de seu país,


Escreveu Dorota Snočik