11 de fevereiro de 2010

um pouco sobre o amor

Escreve Vladas Bartochevis(Lituânia/Brasil)

Temos que falar sobre o amor não de forma banal, falar não sobre aquele amor que aparece nas propagandas de televisão, não sobre aquele amor que é feito de momentos criados(isto é: desde um objetivo pensado dizer aquela bela palavra ou presentear aquele presente ou ação). Temos que falar sobre aquele amor o qual está na continuação de nossas ações... o qual é vizivél no próximo momento, e não somente no próximo ano ou na próxima oportunidade.

Pois onde não há amor há vazio. E se o amor se faz de momentos criados mecanicamente, pelos quais temos que nos esforçar, pensar e repensar – então a vida não é um harmonioso mosaico, mas algum jogo onde a essência é “esperar, ser contentado ou se decepcionar, e novamente esperar”. Não sei para vocês, mas para mim esta segunda opção é totalmente triste,
















Escreve Frank Van den Berg(Holanda)

Esperar a mulher da minha vida, eis a minha espera, com o medo de morrer esperando e o medo de me apressar e errar.

Mas vejo que será dificil, principalmente aqui na Holanda, pois os holandeses, e ai inclui as mulheres, tem algo que não gosto. Mas talvez o problema não estão nelas, mas em mim: eu é quem gosto de estrangeiras, por serem assim: estrangeiras. É diferente, e gosto sempre de coisas diferentes/que não conheço.

Pois então, eis que o amor depende da personalidade e da variação, se todos fossem iguais não haveria amor, não haveria a necessidade dele. Variação da vida e amor!



Escreve Danute(Lituânia)

Chegando o dia se São Valentino e a cada dia mais e mais propagandas na televisão com corações e coisas do tipo, obriga a pensar sobre o Amor :) Por que “amor” em letra maiuscula? Amor na forma plena, isto é: amor não só para uma pessoa(marido/esposa), mas para todo o mundo ao redor. Para os membros da família, amigos, vizinhos, desconhecidos, e também para as flores, árvores, pássaros ou animais...

Penso que tudo vai ao todo. A violência contra familiares e animais, o que neste momento na Lituânia é tão frequente, descontentamento com tudo e todos: tudo vem da ausência de amor nos corações. Pode soar de forma banal, mas é assim... pensem. Pois alí onde não há amor, é preenchido pelo ódio.

Perceba como é frequente as pessoas usarem a palavra “odeio”. “Odeio a diretora”, “odeio o vizinho e seu cachorro”, “odeio a chuva”, e finalmente “odeio tudo, me irrita” e etc. Odiar: isto é lançar mão de uma parte de sí, pois somos criação de Deus, somos um. Nós e o que há ao redor: somos formados de um todo.

É indiferente o que amamos, ou Deus, ou esposo, ou a mulher, ou a natureza. Amor faz os nossos corações mais puros, quentes, iluminados...

A pessoa que ama(aqui falo sobre aquelas que amam tudo que há no mundo) são também mais sensíveis, compreensíveis. Nós na maioria das vezes não percebemos aqueles que precisam de calor, de uma palavra sincera, pois somos de natureza egoistas, e pendemos a nos autovalorizar. Alguém dirá: “como eu posso amar uma planta, uma flor, pois ela é apenas uma planta!” Mas e as flores precisam de amor para que possa crescer, florir e exalar perfume. As vezes é necessário diminuir-se ao tamanho de uma planta para amá-la. Mas aí está! O amor nos faz mais sensiveis, e pessoas mais calorosas. Gostei muito das palabras de um professor de Ioga “desde o coração”, se referindo a sinceridade, pessoa que enterage com o coração. Pois o coração é relacionado ao amor,


Escreve Renata Kovzan(Polônia/Lituânia)

Pois então, está a chegar o dia pelo qual nós ficamos mais sensíveis. Dia 14 de fevereiro é considerado o dia de São Valentino, de outra forma: o dia do amor. Neste dia nossos corações de forma mais especial se ilumina ou cae em grande tristeza.

O Vladas pediu alguns pensamentos meus sobre isso, e me senti muito bem escrevendo sobre o amor, pois isso é realmente a coisa mais importante na minha vida!

De forma geral escrever sobre isso, lembrando que nós sabemos muito mais do que pensamos, já para mim é uma honra que uma partizinha de meus sentimentos viaje pelas redes da internete.

O amor nasceu assim que se ouviu os primeiros sons de meus lábios. Na infância o amor vivido fica para o resto da vida como algo puro e santo, como a própria infância. Naquele mundinho sente-se amada por todos e com tudo. Não se poderá comparar com nenhum outro periodo de sua vida. Pensando sobre Aquele amor o corpo arrepia e não se pode encontrar palavras que descreva tais sentimentos. Falando sobre este periodo não tenho o direito de pensar como adulto, por isso sempre ficarei com aquela criança “Renatinha”.

Agora posso apenas compreender como foi imenso aquele amor que esteve ao meu lado, e cada vez mais ele se transforma no maior e mais sincero de toda a minha vida: falo sobre o amor de mãe! As famílias numa primeira impressão podem parecer parecidas, mas cada rosa tem seus espinhos, desde o mais delicado até o mais cortante que uma agulha. Até o final da minha trajectória por este mundo estarei agradecida e devendo a Deus pelo seu imenso coração. Graças a entrega de minha mãe, as vezes até de parte de sua felicidade, ultrapassando tantas barreiras, hoje posso lembrar de minha infância assim como descrevi aqui.

Nos últimos tempos desta trajectória, o amor encontrado é bem diferente. E aqui já procuro outro amor. Nesta etapa teus sentimentos transformam-se totalmente em outros. Tu aceitas, sente responsabilidade por este amor. Exatamente neste periodo encontrar amor pode resultar em um coração despedaçado ou abençoado. E estas diferentes possibilidades veem sempre uma ao lado da outra. Conheço apenas duas famílias que conseguiram amadurecer junto com seu amor, conseguiram separar aquela verdadeira luz entre milhares de faróis, e não permitiu que o mundo a apagasse. Sobre tal luz não posso falar muito, pois é necessário que duas pessoas encontre, e não apenas uma.

Penso que sobre sentimentos que causam sofrimento temos que pensar o minimo, fazer rápida analize, conclusão e ir em frente, pois se tu acreditas então relmente encontrarás. Ir não temo dizer: o amor verdadeiro vale a pena esperar por toda a vida!

Sei que ainda me aguarda muitos sentimentos de amor, mas um que nunca mudará, que é o mais puro e maior de todos é o amor de Deus por mim, e meu pequeno coração baterá neste mundo graças ao seu grandioso coração!,


Escreve N'cok Lama(Guiné-Bissau/Portugal)
Quando dizemos AMOR (algo em potência) podemos estar a substantivar o nome do verbo amar, mas quando catapultamos o substantivo para o verbo AMAR (algo já em acto ou em acção), estamos a mostrar que é algo que está sujeito às leis do movimento, isto é, alguma coisa que tende para um determinado fim. Fazendo esta analogia, quero esclarecer que quando dizemos Amor, podemos estar a chamar a/o nossa/o amada/o. Mas é devéras primordial dizer que é importante que este conceito não só fique no dizer, porque o importante é VIVER AMANDO! É um imperativo. Digo isso porque, alguns dizem amar mas não vivem amando, pois só nesta segunda condição somos capazer da DAR VIDA PARA O PRÓXIMO. Com isso, estou a aproximar-me dos conceitos de Amor Condicional e Amor Incondicional. Nestes dois casos, nós enquanto seres humanos, buscamos no outro (Amor Condicional), porque pedimos namoro ;somos pedidos em namoro e até em casamento. Mas apesar de ser assim, o nosso desejo de conhecer o outro não fica em namoriscos, porque procuramos a nossa existência no outro, daí todos os nossos "Flirts", etc.
No Segundo caso, Podemos elevar uma única personalidade. Para quém é religioso, sabe que Deus teve que deixa o seu Reino e veio viver no meio de nós. A partir daí tomou o seu corpo no seio da Virgem e se fez Homem na pessoa de Jesus Cristo. O que é que aconteceu depois, deu a sua vida por nós. Não nos pediu que pagassemos impostos, tão pouco nos iria pedir em casamento, nem um beijo para poder dar vida por nós.
Tendo em conta esta ideia final, quero que todos reflitamos nos dia dos namorados acerca das nossas vivências enquanto seres que precisam amar e ser amados,

Anselmo Borges - A humanidade sob ameaça

Professor douctor Anselmo Borges, maior autoridade na teologia e filosofia de Portugal, escreveu no dia 30 de janeiro este artigo no jornal Diário de Noticias
Não há dúvida de que estamos a viver uma transformação prodigiosa do mundo, uma revolução talvez só parecida com a do "tempo-eixo", como lhe chamou Karl Jaspers.
Há quatro revoluções em marcha. Uma revolução económica, com a mundialização, que significa a concretização da ideia de McLuhan de que formamos uma "pequena aldeia" e a chegada ao palco da História de grandes países emergentes. Outra é a revolução cibernética, que, como disse Jean-Claude Guillebaud, faz nascer um quase-planeta, um "sexto continente". A revolução genética transforma a nossa relação com a vida, a procriação e pode fazer bifurcar a Humanidade: a actual continuaria ao lado de outra a criar. Também está aí a urgência da revolução ecológica, que, se a Humanidade quiser ter futuro, obriga a uma nova relação com a natureza. Sem esquecer o perigo atómico e do terroris- mo global.

Perante todas estas revoluções e face aos problemas que agora são globais, como a droga ou o trabalho, impõe-se, em primeiro lugar, pensar numa governança mundial. Depois, não sei de que modo o futuro será, como diz J.-Cl. Guillebaud, uma "modernidade mestiça", mas, para evitar o "choque das civilizações", impõe-se o diálogo intercultural e inter-religioso. Há anos que o famoso teólogo Hans Küng se não cansa de repetir que, sem paz entre as religiões, não haverá paz entre as nações, e essa paz supõe o conhecimento e o diálogo entre as religiões.

Coube também a Hans Küng o desafio para preparar o projecto do que em 1993 se tornou a "Declaração para uma ética mundial", aprovada pelo Parlamento das Religiões Mundiais, em Chicago. A Declaração é um documento humanista, que proclama programaticamente: "Frente a toda a inumanidade, as nossas convicções religiosas e éticas exigem que cada ser humano deve ser tratado humanamente. Isto significa que cada ser humano - sem distinção de idade, sexo, raça, cor da pele, capacidades físicas ou espirituais, língua ou religião, consideração política, origem nacional ou social - possui uma dignidade inalienável e inviolável. Todos - tanto o indivíduo como o Estado - têm de respeitar esta dignidade e garantir a sua defesa efectiva". Os direitos e os deveres humanos é aqui que assentam.
Este princípio fundamental de humanidade determina-se mais proximamente pela regra de ouro - o princípio da reciprocidade --, que constitui o segundo princípio de uma ética comum à Humanidade: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" ou, formulado positivamente: "Faz aos outros o que queres que te façam a ti."

Mas onde se fundamentam a dignidade e os direitos humanos? Questão gigantesca, que tem a ver com a problemática do pré-jurídico e do pré-político, debatida há anos, num diálogo célebre entre o então cardeal J. Ratzinger e o filósofo J. Habermas, e a que se referiu também, pouco antes de morrer, L. Kolakovski: "Sem tradições religiosas, que razão haveria para respeitar os direitos humanos? Vendo as coisas cientificamente, o que é a dignidade humana? Superstição? Do ponto de vista empírico, os homens são desiguais. Como justificar a igualdade? Os direitos humanos são uma ideia a-científica."

Numa universidade portuguesa, o professor de Ética confronta há anos os estudantes com um experimento mental: "Suponhamos que um país vai invadir outro - nessa hipótese, vai haver, evidentemente, muitos mortos. Mas o país invasor suspende a invasão, se o Governo do país a ser invadido estiver na disposição de matar um inocente." Há quatro anos, todos os estudantes se revoltaram contra a perspectiva da morte do inocente. Há dois anos, já dois estudantes se pronunciaram a favor. No ano lectivo em curso, em 16 estudantes, só uma jovem se opôs ao assassinato do inocente. Os outros foram argumentando que, aceitando a invasão, muitos morreriam, eventualmente também o inocente. Portanto...
A conclusão é que o próprio Homem se tornou objecto de cálculo, coisa negociável. Assim, já não pode haver dúvidas: no meio das gigantescas crises mundiais, o núcleo mesmo da crise no nosso tempo é a crise de valores, a crise moral.