4 de dezembro de 2008

I Texto - Sociedade perdida?

Entre professores, alunos, pais, já é normal o descontentamento. Baixa qualidade do ensino, salários baixos, desrespeito.
É evidente que todas as áreas da sociedade são importantes e estão interligadas. O que acontecer na economia influenciará na saúde; o que for feito na área do esporte pode afetar a área da segurança, pois significará mais ou menos ocupação; o que for feito na área da educação afetará a cultura; o que for feito na área do transporte pode afetar o turismo; o que for feito na área do ambiente afeta a economia, etc.

Porém há 3 áreas que deveriam ser intocáveis quando se pensar em retrair gastos: a saúde, a segurança(o agora) e a educação(o futuro). E se pensarmos bem a educacao seria a mãe de todas, a qual deveria receber mais atenção, pois dela surgirão os novos profissionais da cultura, do ambiente, da segurança, da economia, os quais formarão a sociedade em alguns anos. Mas normalmente a educação é esquecida: em tempos normais, ou uma das primeiras da lista: em momentos de crise para o corte de investimentos.

Qualquer sociedade onde ser professor não é motivo de honra, é uma sociedade que se perdeu,

II texto - Cada pessoa é um interminável mundo dentro de um limitado mundo

Quem pode provar que ser beleza é aquela modelo, ou que a beleza é o vaso de cristal sobre a mesa? E pode desmentir-me se eu disser que para mim a beleza é a pequena gota de orvalho sobre a verde folha?
Quem pode desmentir-me quando digo que são lindas rosas de inverno a neve sobre os galhos secos dos arbustos?
Quem pode definir que o amor é reservado apenas aos jovens ou apenas aos adultos e desmentir aquele coração que bate acelerado?
Quem pode dizer que uma pessoa de 80 anos não pode sentar no banco de uma escola ou Universidade e começar a estudar, e desmentir o seu entusiasmo?
Quem pode dizer que é preciso seguir a mesma direção das mares, seguir pelos caminhos já traçados, ou sentir apenas aquilo que é “normal” para a sociedade?

Cada pessoa é um interminável mundo. Cada um de nós é um ponto-de-partida para reentender a realidade. E este fato dá a cada um de nós a autoridade para decidir sozinho quando, para onde e como dar o próximo passo, já ciente que é a decisão correta, independentemente da certeza do outro. E da mesma forma é o fato que nos permite entender que o passo do outro é correto, independentemente de nossa certeza,

Semente


Fernando Nobre
Fernando Nobre, cidadão do mundo nascido em Angola em 1951. Sua mãe tem origem francesa, brasileira e holandesa, e o pai - portuguesa.
Ele viveu dos 15 aos 35 anos em Bruxelas, onde estudou e se formou em medicina.

Entre 1977 e 1983 ele fez parte do movimento Médecins Sans Frontières (Médico sem Fronteiras), atuando em várias missões.
Depois disso ele criou em 1984 a sua propria ONG, sem fins lucrativos chamada AMI – Assistência Médica Internacional, e com ela participou de missões como, por exemplo, na Jordânia em 1991, Romênia em 1992, Genocídio de Ruanda em 1994, Guiné-Bissau em 1998, Timor Leste em 1999.
O objetivo dele e de sua organização são sempre dois: prestar ajuda e alertar contra a intolerância e contra a indiferenca, lutando contra a pobreza, a exclusão social, o subdesenvolvimento, a fome e as sequêlas da guerra, em qualquer parte do mundo.
Em certa entrevista ele disse que muitos jornalistas, escritores e pensadores falam muito sobre conflitos, problemas, sem nunca terem sentido na pele aquilo que escrevem. E ele, 30 anos tendo estado nos mais complicados e perigosos conflitos, pode ter uma posição em relação ao mundo,