15 de março de 2009

Escrito por Vladas Bartochevis, Lituânia/Brasil
Falava com alguns amigos sobre a sensação de que o tempo está a caminhar mais depressa.
Parece que um ano demorava mais tempo, o mês era mais longo, o dia passava mais devagar.
Porém não podemos culpar o relógio. Os seus ponteiros estão a caminhar no mesmo ritmo de sempre, são nossos olhos que estão cada vez mais virados para o passado e o futuro, e quando lembramos de olhar novamente para os ponteiros assustamo-nos que o dia já acabou, que a semana já acabou, que o ano já acabou, que a vida passou.

Olho para o relógio e o ponteiro passa pela quarta hora da tarde, neste mesmo horário ontem estava a ler um livro perto da janela, e um instante de segundo ainda dúvido que isso foi a 24 horas atrás, e não a alguns minutos, como parece.
Já faz uma semana que organizei e escrevi a Vírgula e cá estou novamente, parece que foi ontem.
Parece que faz tão pouco tempo que eu estava com a bicicleta, o Eduardo com os patins, e passeavamos no Ibirapuera num domingo ensolarado de novembro, pensando onde estariamos daqui 10 anos... e não me lembro que mencionamos nem 10% daquilo que hoje é nossa vida. Então tento me esforçar para lembrar tudo aquilo que passou no Meio entre aquele dia e hoje, e mudou tanto assim os planos.

Aquilo que está no meio entre a semana passada e esta semana, aquilo que está no meio entre as 4 horas da tarde de ontem e as 4 horas da tarde de hoje, aquilo que está no meio entre aquele domingo de verão do Brasil e esta quarta-feira de início de primavera da Lituânia: foi a vida. Este exato momento que passo os olhos por esta palavra: é a vida. E a grande tragédia é quando não percebemos isso.

Este Meio entre este momento presente e o dia de amanhã, e a semana que vem, e o ano que vem quanto mais cheio, mas curto parecerá tornar-se.
Uma solução é esvaziá-lo, não conhecer pessoas novas, não procurar descobrir novos lugares, se fechar às novas sensações ... uma vida vazia, mas que parece longa.
A única solução para uma vida plena que não passe despercebida, é aquilo que nos convida a antiga expressão latina Carpe dien. E é aquilo que certa vez minha professora de psichologia Jūratė Laurinavičiutė disse ser a unica maneira de frear o tempo e viver a vida: viver o aqui e o agora,

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