9 de junho de 2010
Vírgula ir ponto.
Escreve Vladas Bartochevis:
Colocar vírgulas é ir além, olhar além, pensar além, alargar seus pontos-de-vistas. Ver mais além.
Colocar pontos é reconhecer. Descansar.
Apenas com vírgulas seremos como marinheiros sem porto e terra, como heróis de belos romances, todavia tristes personagens da vida.
E apenas com pontos seremos cegos e mais pobres. Nos relacionamentos seria a perda das cores(quando não há mais os esforços para o companheiro/a a cada dia). Na carreira profissional seria a perda do brilho (quando não se busca novos objetivos ou aperfeiçoamento). Na religião seria a perda de Deus (quando as respostas de alguém ou alguns são consideradas verdades absolutas, pois para encontrar o eterno é necessário uma procura eterna).
A sabedoria é o equilíbrio. E isto seria encontrar pontos e apoiar-se nestes, e a cada dia olhar, pensar, amar além.
A Vírgula retorna.
As fotos: da esquerda para a direita indo para baixo estão:
John Lennon, Inglaterra(inspiração), Sergio Vieira de Mello, Brasil(inspiração), Dorte, Polônia(time da Vírgula), Martin Luther King, EUA(inspiração); Fernando Nobre, Portugal(inspiração); Gandhi, Índia(inspiração); "manifestação pela Laicidade", Oumou Seydou Tall, Senegal/Gambia(inspiração); Antanas Saulaitis, Lituânia(inspiração), Egle, Lituânia(time da Vírgula), Miguel Angel Nunez Escobar, Paraguai/Portugal(inspiração); Nelson Mandela, África do Sul(inspiração); Kristina, Lituânia(time da Vírgula); "símbolo do Slow Movement"; Aung San Suu Kyi, Miammar(inspiração); Barack Obama, EUA(inspiração); Eduardo, Brasil(inspiração); John Wing, China(inspiração); N'cok, Guiné-Bissau(time da Vírgula); Johann Olav Koss, Noruega(inspiração); Renata, Polônia/Lituânia(time da Vírgula); Rose Busingye, Uganda(inspiração); Luiz Inácio Lula da Silva, Brasil(inspiração); Vladas, Lituânia(time da Vírgula), Zamenhof, Polônia(inspiração), Frank, Holanda(time da Vírgula), Dag Hammarskjold, Suécia(inspiração); Raul Seixas, Brasil(inspiração); "participação da Dorte no movimento Foods no bombs"; Kristina, Inglaterra/Lituânia(time da Vírgula); Anselmo Borges, Portugal(inspiração); Arundhati Roy, Índia(inspiração); Pavarotti, Itália(inspiração).
15 de março de 2010
Realmente queremos a verdadeira Liberdade?
Escreve Kristina Survilaite (Lituânia)
Com a aproximação do dia 11 de março(a Lituânia neste dia a 20 anos atras se auto-proclamou independente da URSS, mesmo com o risco de uma resposta sangrenta por conta de Moscou), cada vez mas ouve-se a palavra liberdade. Liberdade é um conceito que pode ter muitos sentidos e com o passar do tempo cada vez mais olha-se para ela de outras posições. No século passado quando aconteceu as guerras mundiais, a matança e deportação de pessoas, a palavra liverdade muitas vezes foi usada falando a respeito de pessoas fisicas, isto é: não ser aprisionado, não ser deportado, não ser julgado sem culpa; e o desejo de estados de serem livres independentes. Neste momento vivemos em um estado livre e democrático e iremos festejar o vigésimo da criação do Republica da Lituânia indepedente, e a “liberdade” agora compreendemos de uma forma mais ampla. Temos direito a palavra, ao pensamento, a imprensa, religião e ainda outras tantas liberdades as quais a Constituição nos garante, mas no dia a dia queremos ainda mais. Não queremos ser guiados por inúmeras regras: escolhemos estudar a distância, no trabalho tentamos reivindicar um grafico cada vez mais flexivél e até criamos famílias mais tarde, na minha opinião pelo mesmo motivo: valorizamos muito nossa liberdade e tememos perde-la. Tendo muitos direitos e liberdade, muitas vezes embrulhamos a liberdade com egoismo, caprixos, preguiça. Como afirma Viktor Emil Franklin, “a liberdade é um aspecto negativo do fenômeno, o positivo é a responsabilidade. Realmente a liberdade corre o risco de cair em um puro capricho se não a compreende como responsabilidade.” Então seja como for como compreendemos a “liberdade”, temos que usá-la de forma inteligente e responsável, pois extremos é naturalmente uma coisa negativa.,
Escreve Dorota Skocik(Espanha/Lituânia/Polônia)
Muitos já escreveram, falaram e pensaram sobre a liberdade que até ficamos sem geito de tentar falar algo mais sobre ela, pois parece que já foi dito tudo sobre ela: que ela está em nós, que a nossa liberdade não pode limitar a liberdade do outro, que por ela vale a pena até morrer ou que ela é o maior desejo humano. E mais centenas de pensamentos geniais... Um dos melhores pensamentos a este respeito foi dito por Sartre: “O ser humano é condenado a ser livre”. Parece um pensamento banal, mas a verdade está nas coisas simples. Talvez as palavras de Sartre para mim são tão significativas por causa que de forma curta e clara representa meu pensamento sobre a liberdade. Da liberdade não fugirás, pois ela esta em sí e quer chegar a superficie e de palavra se materializar. Este desejo é sempre vivo, talvez esta é nossa natureza? Não própriamente a liberdade, mas seu desejo e procura. Parecido com a nossa “Vírgula”, liberdade significa não estado, mas ação, ir em direção e constante descontentamento com aquilo que limita a liberdade. Bom e daí se talvez nunca consigamos chegar a ela. Não será fácil se é assim como canta a canção “ninguém conseguirá a plena liberdade enquanto uma só pessoa nesta terra não estiver livre”. Por isso, ao trabalho :) ,
Escreve Vladas Bartochevis(Lituânia/Brasil)
A verdadeira Liberdade – muito poucas pessoas a quer. Pois a liberdade não é doce. Para tê-la é necessário duro trabalho, ela não é alivio, e sim: fardo. Todavia ela é exatamente aquilo que separa o ser humano dos animais.
O que vemos na maioria das sociedades – a similiaridade da vida dos seres humanos e dos animais – isto é por causa da confusão na compreensão do que é a verdadeira liberdade.
Os animais não limitam seus desejos, fazem apenas o que as situações e seus instintos ordenam... e isso não é liberdade. Liberdade é conseguir controlar suas vontades, julgar e depois decidir, e responder por seus atos.
Grande trabalho!... Para a maioria é mais fácil seguir o outro e se livrar deste pesado fardo.
O professor dr. Anlsemo Borges diz em suas aulas:
O que confunde frequentemente o debate é a falta de esclarecimento quanto ao que é realmente a liberdade. Ela é a não submissão à necessidade coactiva, externa e interna, mas não pode, por outro lado, ser confundida com a arbitrariedade e a pura espontaneidade - não implica a espontaneidade a necessidade? A liberdade radica na experiência originária do Homem como dom para si mesmo. Paradoxalmente, é na abertura a tudo, portanto, no horizonte da totalidade do ser, que ele vem a si mesmo como eu único e senhor de si. Então, agir livremente é a capacidade de erguer-se acima dos próprios interesses, para pôr-se no lugar do outro e agir racionalmente. É preciso distinguir entre causas e razões. Quando se age sob uma causalidade constringente, não há liberdade. Ser livre é propor-se ideais, deliberar e agir segundo razões e argumentos, impondo limites aos impulsos, inclinações e desejos, o que mostra que o Homem pode ser senhor dos seus actos e, assim, responsável, isto é, responder por eles.
há um célebre exercício mental de Kant na Crítica da Razão Prática, que é elucidativo e obriga a pensar. Suponhamos que alguém, sob pena de morte imediata, se vê confrontado com a ordem de levantar um falso testemunho contra uma pessoa que sabe ser inocente. Nessas circunstâncias e por muito grande que seja o seu amor à vida, pensará que é possível resistir. "Talvez não se atreva a assegurar que assim faria, no caso de isso realmente acontecer; mas não terá outro remédio senão aceitar sem hesitações que tem essa possibilidade." Existem as duas possibilidades: resistir ou não. "Julga, portanto, que é capaz de fazer algo, pois é consciente de que deve moralmente fazê-lo e, desse modo, descobre em si a liberdade que, sem a lei moral, lhe teria passado despercebida."
ANSELMO BORGES - O diabo do poder
Quando se reflecte sobre o mal, o que mais impressiona é o mal moral: porque é que a liberdade não é sempre boa? Porque não fazemos sempre o bem?
Estas perguntas são de tal modo dramáticas que, para explicar o bem e o mal no mundo, muitas vezes se recorreu a um duplo Princípio: um Princípio do Bem e um Princípio do mal. No contexto do cristianismo, que, por sua vez, bebeu noutras fontes religiosas mais antigas, o diabo apareceu como "solução" para o enigma. Ele seria o Tentador e o ser humano nem sempre resiste à tentação.
Neste contexto, é preciso dizer, em primeiro lugar, que o Credo cristão não fala do diabo. O cristão não acredita no diabo, mas em Deus. Quanto ao diabo tentador, seria necessário perguntar quem tentou o diabo para, de anjo bom, se tornar anjo mau, precipitado no inferno e tentador dos homens. Lembro que já Kant fez notar que um catequizando iroquês perguntou ao missionário: porque é que Deus não acabou com o diabo? Quanto às tentações, não é preciso diabo nenhum. Bastamos nós. O Homem, entre a finitude e o Infinito, está inevitavelmente sujeito à falibilidade e à queda.
Tentação vem do latim temptare, que, para lá de ensaiar, experimentar, tentar, também quer dizer atacar, procurar seduzir e corromper, pôr à prova.
Neste quadro, a tentação maior é a do poder, não enquanto serviço, mas enquanto domínio, vanglória e exaltação do eu. Pela sua própria dinâmica, o poder tende a ser total. E porquê? Porque a ilusão da omnipotência dá a ilusão da imortalidade, de dominar, vencer e matar a morte. Omnipotentes, seríamos imortais.
Quem quiser uma prova de que a tentação maior é a do poder - financeiro, económico, político... - olhe para o palco da presente situação nacional.
A Igreja, na liturgia, muda os textos, segundo os anos. Mas, no primeiro Domingo da Quaresma, a seguir ao Carnaval, lê-se sempre o Evangelho que refere as tentações de Cristo. São três e, contra a impressão que a Igreja acabou por dar - as tentações seriam sobretudo as do sexo -, são todas relativas ao poder.
O diabo não existe, não se justificando, portanto, os exorcismos. Ali, nas tentações de Cristo, também não há diabo nenhum. O diabo não apareceu a Jesus. Todo aquele excepcional passo do Evangelho é uma encenação dramática que personifica na figura do diabo a vivência da luta de Jesus em ordem à sua decisão: há-de ser um messias do poder ou o messias do serviço? O que ali se determina é se a sua mensagem é a divinização do Homem ou a humanização de Deus. Afinal, a boa nova do Evangelho é que Deus não está interessado nele mesmo nem no culto que lhe possamos prestar, mas exclusivamente no bem-estar e realização dos seres humanos, na plena humanização de todos.
Nenhum exegeta viu tão fundo neste passo como Dostoievski em Os Irmãos Karamazov. Ivan conta a Lenda do Grande Inquisidor. Jesus aparece em Sevilha, no dia a seguir à queima de quase uma centena de hereges. A multidão reconhece-o e segue-o, mas o cardeal inquisidor manda prendê-lo. Na prisão, diz-lhe que ele não entendeu os homens, ao querer a liberdade para eles. Foi por isso que não cedeu às tentações do milagre: transformar as pedras em pães, deitar-se abaixo do pináculo do Templo. Mas os homens não suportam o fardo da liberdade. Assim, a Igreja corrigiu a sua façanha, baseando-a em milagre e poder. "E as pessoas ficaram contentes por serem de novo guiadas como um rebanho e por ter sido tirada dos seus corações a dádiva mais terrível que tanto sofrimento lhes causava: a liberdade." "Vai-te embora e não voltes mais... não voltes... nunca, nunca!"
A tentação maior da Igreja é a do poder: poder social e político, controlo das consciências, imposição das suas normas aos não crentes, aceitação de uma religiosidade mágica e milagreira...
"A última tentação de Cristo", na cruz, não foi, como sugeriu M. Scorsese, casar com Maria Madalena, mas descer da cruz. Não cedeu. Deus não livra da finitude nem, consequentemente, da morte.
4 de março de 2010
Dia das Mulheres – reflexões
O direito da mulher de votar, o direito de não mudar o sobrenome depois do casamento em favor dos homens, o direito de não usar a burca, o direito de trabalhar e ser remunerada e valorizada igualmente aos homens – há ainda muitos lugares no mundo onde estes direitos são dificilmente colocados em prática de fato. Mas é muito bom perceber que o grau de real estabelecimento destes direitos caminha junto do grau de desenvolvimento daquela sociedade. Quanto mais progresso e cultura tem a sociedade, mais natural é o reconhecimento destes direitos.
Mas a conquista destes direitos tão necessários e óbvios ainda não é tudo, como lembrou muito bem John Lennon na canção Woman is the Nigger of the World, (tradução nos comentários), que foi escrita a mais de 30 anos atrás, e é ainda actual. Milhares de mulheres morrem cada ano de anorexia nervosa. Milhões de mulheres vão as academias, mas a saúde muitas vezes não é o primeiro motivo. Milhões de mulheres caem em depressão por causa do mais belo sapato ou vestido, ou por causa do naris grande ou seios pequenos. Milhões de mulheres a cada ano deitam-se na mesa de cirurgia não por causa de problemas de saúde, mas por causa da beleza “ideal”. Quando se faz tudo isso por sí mesma, pelos seus próprios olhos quando se olhar no espelho: então excelente. Mas quando agem por causa dos olhos dos outros, quando fazem por causa do ideal pintado por outros, por reconhecimento, pela atenção dos homens: então já é uma triste auto-desvalorização. Conquistam o direto de estar legalmente em igual posição social, mas em seguida se deixam levar á escravidão.
Ainda outro problema o qual se pode perceber claramente: a confusão. Ajudar a colocar o casaco, abrir a porta do carro, ajudar a levar a sacola, etc. – tudo isso desaparece não só porque os homens esqueceram do sentido destas coisas, mas também por causa das próprias mulheres, que pensam que estas coisas são relacionadas a questão de independência... Os homens que tentam ser como antigos gentlemenas arriscam ouvir tal resposta: “eu mesma posso”. Mas quando o homem quer ajudar a levar a sacola quando está indo na mesma direção ou quando oferece o próprio casaco para proteger a mulher da chuva, não nega que ela mesmo poderia se virar, e se virar ainda melhor... e que ela pode ainda melhor fazer aquele ou aquele outro trabalho, mais rapidamente subir aquela ou aquela outra montanha, etc.
Estas ajudas não tem de ser encaradas como necessárias – não é sempre que a ação tem de vir pela necessidade... as vezes pode ser pelo desnecessário cuidado, pela desnecessária beleza... mas a vida é mais cinza quando se elimina todas as coisas “desnecessárias”.
A mulher tem de defender o seu direito a igualdade, tem de estar atenta pela sua real liberdade, mas também estar aberta para aquilo que pode fazer elas e os homens sentirem-se importantes e valorizados,
ANSELMO BORGES - Haiti. Onde estava Deus? (2)
Professor douctor Anselmo Borges, maior autoridade na teologia e filosofia de Portugal, escreveu no dia 20 de fevereiro este artigo no jornal Diário de Noticias
Como se lê no documento da Associação de Teólogos João XXIII, aqui citado na semana passada, a pergunta religiosa "onde está Deus no Haiti?" "não é nem pode ser a primeira". Na tragédia do Haiti, converge um conjunto de dados: uma zona sísmica; a mão agressiva do Homem, que desflorestou o Haiti, explorou sem limites as suas reservas naturais e construiu sem o mínimo de segurança; as condições de extrema precariedade em que os colonizadores deixaram o país, a tradição esclavagista, a corrupção generalizada, a ditadura de Governos exploradores, a distribuição injusta dos recursos... O documento observa, criticamente: tudo se afundou, mas o moderno bairro rico de Pétionville, em Port-au-Prince, foi preservado.
A ordem internacional "está montada sobre a concentração da riqueza em 20% da Humanidade e o desamparo de boa parte dela". Governos corruptos, países ricos que os protegem por causa dos seus próprios interesses, tornam alguns povos e Estados incapazes de defender-se de catástrofes naturais. "Sem esta ordem de coisas, a catástrofe teria sido muito menor." Os haitianos são tão pobres que nem possibilidades tinham de receber e distribuir as ajudas que chegavam ao território. Assim, deve-se culpar "a actual ordem internacional que só pode sustentar-se na base do poder económico, político e militar dos países ricos e a persistente corrupção das elites dirigentes do país".
E Deus? Todos temos de mudar, para que não haja mais "Haitis assolados nem Palestinas massacradas nem Auschwitz nem Hiroshimas", e o Deus de Jesus deve ser "o grande acicate de justiça e solidariedade para todos os que se chamam cristãos".
Mas a pergunta atravessa a história do pensamento, e é particularmente dramática para quem acredita no Deus pessoal e criador, omnipotente e infinitamente bom. Deus quis evitar o mal, mas não pôde: então, não é omnipotente. Pôde, mas não quis: então, não é bom. Pôde e quis: então, donde vem o mal?
Aqui, também é necessário perguntar: donde vem o bem? De qualquer modo, as tentativas de resposta sucederam-se. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino argumentaram que o mal não existe em si mesmo, pois é só uma privação no bem. Ou então que Deus não quer o mal, apenas o permite como provação e castigo. Pergunta-se: e as crianças inocentes? É por causa do sofrimento das crianças que Dostoievski, em Os Irmãos Karamazov, faz Ivan dizer que entrega o "bilhete de entrada" no mundo. Em A Peste, de A. Camus, o Dr. Rieux diz ao padre que, diante da criança que morre, não pode aceitar Deus.
À famosa Teodiceia (justificação de Deus), de Leibniz, onde se defende que este é o melhor dos mundos possíveis, Voltaire contrapôs ironicamente o seu Cândido e o "Poema sobre o desastre de Lisboa", por causa do terramoto. A. Schopenhauer escreverá que este é o pior dos mundos possíveis.
Hegel dialectizou o sofrimento em Deus: a negatividade é um momento da história de Deus. Um pouco na esteira hegeliana, alguns teólogos falaram de um "Deus sofredor" e, face ao horror do Holocausto, o filósofo judeu Hans Jonas defendeu a impotência de Deus: em Auschwitz, Deus calou-se, "não porque não quis, mas porque não pôde". Pergunta-se: é claro que o poder e a bondade de Deus não podem ser concebidos ao modo humano, mas que ajuda traz um Deus impotente? Deus solidariza-se com o ser humano na cruz de Cristo.
O teólogo A. Torres Queiruga pergunta se não é contraditório pretender pensar um mundo finito sem mal. Face ao mal, que atinge crentes e não crentes, todos têm de viver e justificar a sua fé. E Hans Küng, que reconhece que o mal parece ser "a rocha do ateísmo", pergunta, com razão, na sua última obra Was ich glaube (A minha fé): "O ateísmo explica melhor o mundo" do que a fé em Deus? "No sofrimento inocente, incompreensível, sem sentido, a descrença pode consolar? Como se a razão descrente não encontrasse também neste sofrimento o seu limite! Não, o antiteólogo não está aqui de modo nenhum melhor do que o teólogo."
24 de fevereiro de 2010
Right To Play - A bola para combater a miséria
Johnn Olav Koss nasceu em 29 de outubro de 1968 na Noruega. É um dos maiores patinadores da história. Em 1990 tornou-se pela primeira vez campeão mundial e daquele ano em diante ganhou 7 títulos mundiais e 4 medalhas de ouro olímpicas. Obteve 10 recordes mundiais.Em 1994 ele encerra sua carreira e torna-se embaixador da UNICEF e membro do Comitê Olímpico Internacional.
Koss fundou a organização Right To Play, que tenta usar o esporte como meio para combater a miséria no mundo. O seu alvo principal são as crianças, tentando, atravéz do esporte, ensiná-las sobre a importância do trabalho em equipe, da força de vontade, do respeito a sí e ao próximo, da responsabilidade. Sabendo que estes valores tem como resultado o bem de toda a comunidade.
Os projetos desta organização, que tem sua sede no Canadá, já estão em desenvolvimento em 23 países, como por exemplo no Chade, Etiópia, Guiné, Líbano, Ruanda, Tailândia. Já atingi 500 mil crianças.
Muitos atletas apoiaram e apoiam esta idéia. Um exemplo é o patinador americano Joey Cheek, que doou para a organização o prêmio em dinheiro que recebeu ao ganhar a medalha de ouro nas Olimpíadas de Inverno de 2006.
Johnn Olav Koss conta que no início os jornais da Europa, EUA e Canadá ironizavam dizendo que “ele está tentando levar a bola para aqueles que esperam comida”. Porém da boca das pessoas das comunidades onde atua há apenas o apoio incondicional. Um membro de uma das comunidades disse que muitas organizações por alí passaram trazendo alimentos, mas é a Right to play que veio tentar alimentar a alma das pessoas,
ANSELMO BORGES - Haiti. Onde estava Deus?
Não há palavras suficientes e sobretudo suficientemente fortes para descrever a tragédia do Haiti: mais de duzentos mil mortos, mais de um milhão de desalojados, fome, pilhagens, órfãos sem conta, rapto de crianças, o desabar de um resto de Estado, o buraco negro e roto do futuro... O horror pura e simplesmente!
E muitos, alto ou lá no íntimo, gritaram: Onde estava Deus, onde está Deus no Haiti? A pergunta constantemente repetida ao longo da História: Onde estava Deus no Gólgota?, onde estava Deus no terramoto de Lisboa, no tsunami da Indonésia?, onde estava Deus em Auschwitz?...
Este clamor acompanha a história da filosofia, desde que Epicuro por volta do ano 300 a. C. e, depois, Pierre Bayle, no iluminismo, atenazaram o pensamento neste domínio. Deus deve ser omnipotente e infinitamente bom. Assim, como explicar o mal? Ou Deus pôde evitá-lo e não quis: então, não é infinitamente bom. Ou quis, mas não pôde: então, não é omnipotente. Ou não pôde nem quis: então, não é Deus. Ou pôde e quis: então, porquê o mal?
As tentativas de resposta sucederam-se. Leibniz inventou inclusivamente a palavra teodiceia, que significa precisamente "justificação de Deus", no Essai de théodicée (Ensaio de teodiceia). Aí, argumentava que este mundo não é óptimo nem perfeito, mas, sendo Deus infinitamente bom, omnipotente e omnisciente, é o melhor dos mundos possíveis. O ensaio foi publicado em 1710, tornando-se quase um manual da Europa culta. Mas bastaram 45 anos - o terramoto de Lisboa foi em 1755 - para que Voltaire ironizasse sobre ele no Cândido ou o Optimismo. E Kant, em 1791, escreveu um pequeno tratado com o título Über das Misslingen aller philosophischen Versuche in der Theodizee (Sobre o fracasso de todas as tentativas filosóficas na teodiceia).
Como pode, de facto, a razão humana finita justificar Deus perante o mal? Aliás, constituiria crueldade cínica avançar para junto de quem sofre os horrores do mal com explicações teóricas. De qualquer modo, frente ao mal, o crente percebe que Deus não é omnipotente nem infinitamente bom ao modo do pensar humano e que afinal a fé é mais um combate do que uma consolação e que esse combate tem a sua prova na praxis solidária com quem sofre.
Num documento sobre a tragédia do Haiti, a Associação de Teólogos João XXIII lamenta que se continue à procura do Deus-relojoeiro de Newton, ajustando a maquinaria do universo, e que não se acabe com o pedido de milagres naturais a Deus - que mande chuva, que evite os tsunamis, que faça prodígios -, um Deus-providência ao nosso serviço, um superpai que nos proteja da natureza e das suas leis, esquecendo que "Deus não interveio para evitar o Gólgota nem Auschwitz nem evitou pestes, fomes e outros desastres".
Em que Deus acreditam então? "Cremos que o mal é também um mistério que dificilmente encaixa na imagem de um Deus omnipotente e misericordioso, sobretudo quando se traduz em sofrimento dos pobres e inocentes." Crêem no Deus que não tem ciúmes do ser humano e lhe deu capacidade criadora - talvez a ciência possa vir a prever os terramotos - e responsabilidade no mundo. Deus defende os pobres e oprimidos e abençoa os que trabalham pela justiça e pela paz.
"Deus não é neutral, está no Haiti nas vítimas e em todas as pessoas que ali trabalham solidariamente", identifica-se com as vítimas, fazendo delas o critério do juízo divino: "Destes-me de comer, de beber, de vestir..." Ninguém tem o direito de falar em seu nome, "só elas e quem partilha os seus sofrimentos. Mas podemos e devemos todos tornar-nos presentes no Haiti, atender às necessidades urgentes dos haitianos e colaborar na sua reconstrução".
Mas não basta. "O Haiti personifica hoje os povos crucificados"; temos todos de mudar, e a referência ao Deus de Jesus há-de ser "o grande acicate de justiça e solidariedade" num mundo cuja ordem internacional "está montada sobre a concentração da riqueza em 20% da humanidade e o desamparo de boa parte dela".
17 de fevereiro de 2010
Slow Movement – Viver devagar
Quantas pessoas hoje em dia encontra descanso apenas nas bebidas, drogas ou em calmantes? Quantas pessoas suicidaram-se ou penso sobre isso, pois todas as preocupações e correrias tornaram-se uma carga pesada demais para carregar, ou por não verem mais sentido continuar nesta corrida(vida).
Carl Honoré é um jornalista do Canadá, tem dois filhos pequenos e tentava contar historinhas para eles a noite, mas sempre apressadamente. Um dia entrou numa livraria e encontrou um livro com o título “Histórias para contar em um minuto”. Ele primeiro de tudo se alegrou, pois encontrou uma saida de ainda mais poupar tempo. Mas no momento seguinte disse a sí mesmo “espera ai, o que estou a fazer?” Desde então começou a maior mudança de sua vida: começou a viver mais devagar. Tentou eliminou de sua agenda o quanto mais coisas não importantes de facto, no trabalho se esforçou para fazer muitas vezes pausas, começou a fazer meditação diariamente e não usar o relógio quando tem de fazer algo que realmente tem sentido. Hoje quando vai contar histórias para seus filhos ele leva 45 minutos, e seus filhos o apelidou de “melhor contador de histórias do mundo”.
Honoré escreveu o livro “In Praise of Slowness: How A Worldwide Movement Is Challenging the Cult of Speed” onde conta sobre sua mudança e sobre o movimento Slow(devagar), o qual tenta justamente se opor a filosofia da velocidade, da pressa. O livro tornou-se bestseller em vários países.
“Tentamos nos programar para fazermos quanto mais coisas em menos tempo, parece que cada instante é uma luta contra o tempo”.
E ele diz, que é muito difícil mudar isso, pois as vezes nós mesmos queremos esta velocidade – enchemos nossas cabeças com ocupações e preocupações para não ter tempo para perguntas difíceis, ex.: “eu me sinto bem?”, “eu sou feliz?”, “os meus filhos estão sendo educados adequadamente?”, “os politicos estão me representando de maneira correta?”
E ainda há uma força exterior poderosa, a qual nos influência – a sociedade, para a qual “mais rápido” é sinonimo de “melhor”.
Mas quando dizemos “ir devagar, fazer devagar, viver devagar” nós nao estamos a falar sobre preguiça. Falamos sobre equilíbrio. Fazer bem uma coisa por vez, e não muitas de uma vez.
Claro que há e momentos para apressar-se, mas apressar-se não é sempre bom, e muitas vezes o fazemos de forma sem sentido(ex.: quando nos apressamos para chegar ao sinal que está vermelho).
“Olho para a minha vida de antes e de agora e a diferença é que agora tento fazer aquilo que tenho que fazer, da melhor forma possível, e não da maneira mais rápida”, diz o canadense.
O movimento Slow do que Carl Honoré é entuziasta, teve inicio em 1986 na Italia quando o italiano Carlo Petrini ficou sabendo que a rede McDonalds queria abrir uma lanchonete no centro histórico de Roma. Petrini começou a protestar contra esta companhia e em modo geral contra a mania dos Fast-foods. A idéia foi simples: defender o sabor, proteger os alimentos frescos da mania dos alimentos rápidos e prontos, defender os interesses dos produtos locais, ser pela diversidade e constantemente alertar contra o perigo do uso da terra com fins comerciais.
Mais tarde com a inspiração no Slow-food de forma espontânia foram surgindo ramificações para outras esferas de nossas vidas, ex.: saúde, sexo, trabalho, educação, descanso, etc.
Slow Work: luta pela redução da carga horária de trabalho, mais pausas, férias mais longas, um ambiente de trabalho mais agradável(é comprovado que a qualidade de vida melhora...e a produtividade)
Slow Travel: viajar de forma tranquila, sem pressa, ficar e sentir os locais.
Slow Cities: luta para que as cidades não cresçam depressa e sem planejamento, proteger a diversidade, não estandartizar, usar de forma inteligente cada espaço.
Slow Schooling: menos trabalhos de casa para as crianças. Os jogos tem de incentivar a cooperação e não a concorrência. Os pais tem de se preocupar com o descanso e relaxamento das crianças, e não com mais cursos extracurriculares.
Slow Book: mais tempo para a leitura, ler sem o relógio.
Em resumo a idéia é lutar contra o stress e as coisas sem sentido, valorizar cada momento e cada coisa a ser feita: não dar a cada momento 100, 10 ou nem mesmo 2 ocupações, mas sim dar a cada dever e preocupação: tempo. Carl Honoré disse “eu agora sinto que vivo minha vida ao invés de correr por ela.”,
ANSELMO BORGES - Carta demolidora ao Papa
O autor da carta, Henri Boulad, 78 anos, é um jesuíta egípcio de rito melquita. Não é um jesuíta qualquer: há treze anos que é reitor do colégio dos jesuítas no Cairo, depois de ter sido superior dos jesuítas em Alexandria, superior regional, professor de Teologia no Cairo. Conhece bem a hierarquia católica do Egipto e da Europa. Visitou quarenta países nos vários continentes, dando conferências, e publicou trinta livros em quinze línguas. A sua carta, inspirada na "liberdade dos filhos de Deus" e a partir de "um coração que sangra ao ver o abismo no qual a nossa Igreja está a precipitar-se", funda-se, pois, num "conhecimento real da Igreja universal e da sua situação actual".
A carta tem três partes: a presente situação, a reacção da Igreja, propostas.
Há constatações que não podem ser ignoradas. 1. Assiste-se à queda constante da prática religiosa. Quem frequenta as igrejas na Europa e no Canadá são pessoas da terceira idade, de tal modo que, por este andar, será necessário fechar igrejas e transformá-las em museus, mesquitas ou bibliotecas. 2. Os seminários e os noviciados também continuam a esvaziar-se. 3. São muitos os sacerdotes que abandonam, e os que ficam - a sua média etária ultrapassa frequentemente a da reforma - têm a seu cargo várias paróquias. "Muitos deles, tanto na Europa como no Terceiro Mundo, vivem em concubinato à vista dos fiéis, que normalmente os aceitam, e do seu bispo, que não aceita, mas vai fechando os olhos por causa da escassez de clero." 4. A linguagem da Igreja é "obsoleta, anacrónica, aborrecida, repetitiva, moralizante, completamente inadaptada ao nosso tempo". 5. Impõe-se uma "nova evangelização", inventando uma linguagem nova. "Temos de constatar que a nossa fé é muito cerebral, abstracta, dogmática, e se dirige muito pouco ao coração e ao corpo." 6. Não é, pois, de estranhar que muitos cristãos se voltem para as religiões da Ásia, as seitas, a New Age, o ocultismo. A fé cristã aparece-lhes hoje como "um enigma, restos de um passado acabado". 7. No plano moral, "as declarações do Magistério, repetidas à saciedade, sobre o casamento, a contracepção, o aborto, a eutanásia, a homossexualidade, o casamento dos padres, os divorciados que voltam a casar, etc., já não dizem nada a ninguém e apenas provocam indiferença". 8. A Igreja católica, que foi a grande educadora da Europa, "parece esquecer que esta Europa chegou à maturidade" e "não quer ser tratada como menor de idade". 9. Paradoxalmente, são as nações mais católicas do passado que agora caem no ateísmo, no agnosticismo, na indiferença. Quanto mais dominado e protegido pela Igreja foi um povo no passado, "mais forte é a reacção contra ela". 10. O diálogo com as outras Igrejas e religiões está hoje em "preocupante retrocesso".
A reacção da Igreja é a de minimizar a gravidade da situação, apelar à confiança no Senhor, apoiar-se na ala mais conservadora ou nos países do Terceiro Mundo. Esquece-se que "a modernidade é irreversível" e que também "as novas Igrejas do Terceiro Mundo atravessarão, mais cedo ou mais tarde, as mesmas crises que a velha cristandade europeia conheceu".
Que fazer? "A Igreja tem hoje uma necessidade imperiosa e urgente de uma tríplice reforma." 1. Uma reforma teológica e catequética, para repensar a fé e "reformulá-la de modo coerente para os nossos contemporâneos". 2. Uma reforma pastoral, "para repensar de cabo a rabo as estruturas herdadas do passado". 3. Uma reforma espiritual, para revitalizar a mística e repensar os sacramentos. "A Igreja de hoje é demasiado formal, demasiado formalista", como se o importante fosse "uma estabilidade puramente exterior, uma honestidade superficial, certa fachada".
Que sugere então o padre H. Boulad? "A convocatória de um sínodo geral a nível da Igreja universal, no qual participassem todos os cristãos - católicos e outros - para examinar com toda a franqueza e clareza estes e outros pontos. Esse sínodo, que duraria três anos, terminaria com uma assembleia geral que sintetizasse os resultados desta investigação e tirasse daí as conclusões."
11 de fevereiro de 2010
um pouco sobre o amor
Escreve Vladas Bartochevis(Lituânia/Brasil)
Temos que falar sobre o amor não de forma banal, falar não sobre aquele amor que aparece nas propagandas de televisão, não sobre aquele amor que é feito de momentos criados(isto é: desde um objetivo pensado dizer aquela bela palavra ou presentear aquele presente ou ação). Temos que falar sobre aquele amor o qual está na continuação de nossas ações... o qual é vizivél no próximo momento, e não somente no próximo ano ou na próxima oportunidade.
Pois onde não há amor há vazio. E se o amor se faz de momentos criados mecanicamente, pelos quais temos que nos esforçar, pensar e repensar – então a vida não é um harmonioso mosaico, mas algum jogo onde a essência é “esperar, ser contentado ou se decepcionar, e novamente esperar”. Não sei para vocês, mas para mim esta segunda opção é totalmente triste,
Escreve Frank Van den Berg(Holanda)
Esperar a mulher da minha vida, eis a minha espera, com o medo de morrer esperando e o medo de me apressar e errar.
Mas vejo que será dificil, principalmente aqui na Holanda, pois os holandeses, e ai inclui as mulheres, tem algo que não gosto. Mas talvez o problema não estão nelas, mas em mim: eu é quem gosto de estrangeiras, por serem assim: estrangeiras. É diferente, e gosto sempre de coisas diferentes/que não conheço.
Pois então, eis que o amor depende da personalidade e da variação, se todos fossem iguais não haveria amor, não haveria a necessidade dele. Variação da vida e amor!
Escreve Danute(Lituânia)
Chegando o dia se São Valentino e a cada dia mais e mais propagandas na televisão com corações e coisas do tipo, obriga a pensar sobre o Amor :) Por que “amor” em letra maiuscula? Amor na forma plena, isto é: amor não só para uma pessoa(marido/esposa), mas para todo o mundo ao redor. Para os membros da família, amigos, vizinhos, desconhecidos, e também para as flores, árvores, pássaros ou animais...
Perceba como é frequente as pessoas usarem a palavra “odeio”. “Odeio a diretora”, “odeio o vizinho e seu cachorro”, “odeio a chuva”, e finalmente “odeio tudo, me irrita” e etc. Odiar: isto é lançar mão de uma parte de sí, pois somos criação de Deus, somos um. Nós e o que há ao redor: somos formados de um todo.
A pessoa que ama(aqui falo sobre aquelas que amam tudo que há no mundo) são também mais sensíveis, compreensíveis. Nós na maioria das vezes não percebemos aqueles que precisam de calor, de uma palavra sincera, pois somos de natureza egoistas, e pendemos a nos autovalorizar. Alguém dirá: “como eu posso amar uma planta, uma flor, pois ela é apenas uma planta!” Mas e as flores precisam de amor para que possa crescer, florir e exalar perfume. As vezes é necessário diminuir-se ao tamanho de uma planta para amá-la. Mas aí está! O amor nos faz mais sensiveis, e pessoas mais calorosas. Gostei muito das palabras de um professor de Ioga “desde o coração”, se referindo a sinceridade, pessoa que enterage com o coração. Pois o coração é relacionado ao amor,
Escreve Renata Kovzan(Polônia/Lituânia)
Pois então, está a chegar o dia pelo qual nós ficamos mais sensíveis. Dia 14 de fevereiro é considerado o dia de São Valentino, de outra forma: o dia do amor. Neste dia nossos corações de forma mais especial se ilumina ou cae em grande tristeza.
O Vladas pediu alguns pensamentos meus sobre isso, e me senti muito bem escrevendo sobre o amor, pois isso é realmente a coisa mais importante na minha vida!
De forma geral escrever sobre isso, lembrando que nós sabemos muito mais do que pensamos, já para mim é uma honra que uma partizinha de meus sentimentos viaje pelas redes da internete.
O amor nasceu assim que se ouviu os primeiros sons de meus lábios. Na infância o amor vivido fica para o resto da vida como algo puro e santo, como a própria infância. Naquele mundinho sente-se amada por todos e com tudo. Não se poderá comparar com nenhum outro periodo de sua vida. Pensando sobre Aquele amor o corpo arrepia e não se pode encontrar palavras que descreva tais sentimentos. Falando sobre este periodo não tenho o direito de pensar como adulto, por isso sempre ficarei com aquela criança “Renatinha”.
Agora posso apenas compreender como foi imenso aquele amor que esteve ao meu lado, e cada vez mais ele se transforma no maior e mais sincero de toda a minha vida: falo sobre o amor de mãe! As famílias numa primeira impressão podem parecer parecidas, mas cada rosa tem seus espinhos, desde o mais delicado até o mais cortante que uma agulha. Até o final da minha trajectória por este mundo estarei agradecida e devendo a Deus pelo seu imenso coração. Graças a entrega de minha mãe, as vezes até de parte de sua felicidade, ultrapassando tantas barreiras, hoje posso lembrar de minha infância assim como descrevi aqui.
Nos últimos tempos desta trajectória, o amor encontrado é bem diferente. E aqui já procuro outro amor. Nesta etapa teus sentimentos transformam-se totalmente
Penso que sobre sentimentos que causam sofrimento temos que pensar o minimo, fazer rápida analize, conclusão e ir em frente, pois se tu acreditas então relmente encontrarás. Ir não temo dizer: o amor verdadeiro vale a pena esperar por toda a vida!
Sei que ainda me aguarda muitos sentimentos de amor, mas um que nunca mudará, que é o mais puro e maior de todos é o amor de Deus por mim, e meu pequeno coração baterá neste mundo graças ao seu grandioso coração!,
Escreve N'cok Lama(Guiné-Bissau/Portugal)
Quando dizemos AMOR (algo em potência) podemos estar a substantivar o nome do verbo amar, mas quando catapultamos o substantivo para o verbo AMAR (algo já em acto ou em acção), estamos a mostrar que é algo que está sujeito às leis do movimento, isto é, alguma coisa que tende para um determinado fim. Fazendo esta analogia, quero esclarecer que quando dizemos Amor, podemos estar a chamar a/o nossa/o amada/o. Mas é devéras primordial dizer que é importante que este conceito não só fique no dizer, porque o importante é VIVER AMANDO! É um imperativo. Digo isso porque, alguns dizem amar mas não vivem amando, pois só nesta segunda condição somos capazer da DAR VIDA PARA O PRÓXIMO. Com isso, estou a aproximar-me dos conceitos de Amor Condicional e Amor Incondicional. Nestes dois casos, nós enquanto seres humanos, buscamos no outro (Amor Condicional), porque pedimos namoro ;somos pedidos em namoro e até
No Segundo caso, Podemos elevar uma única personalidade. Para quém é religioso, sabe que Deus teve que deixa o seu Reino e veio viver no meio de nós. A partir daí tomou o seu corpo no seio da Virgem e se fez Homem na pessoa de Jesus Cristo. O que é que aconteceu depois, deu a sua vida por nós. Não nos pediu que pagassemos impostos, tão pouco nos iria pedir em casamento, nem um beijo para poder dar vida por nós.
Tendo em conta esta ideia final, quero que todos reflitamos nos dia dos namorados acerca das nossas vivências enquanto seres que precisam amar e ser amados,