4 de fevereiro de 2009

Comunismo X a pessoa humana

Escrito por Vladas Bartochevis, Lituânia/Brasil:
Vêem-se muitos descontentamentos nos rostos e palavras e até mesmo nos cartazes.
Todos ouvem falar da crise e poucos ainda não a sentiu.
Os EUA, Brasil, Reino Unido já estão tecnicamente em recessão. Na França, Argentina, Lituânia, Letônia, Rússia muitos protestos e greves. Na Islândia houve até mesmo a mudança de Governo. Na Espanha recorde de desemprego. Os países mais pobres, mesmo longe dos centros econômicos, já vêem o aumento ainda maior da pobreza.

As crises, como já escrevi em textos anteriores, vem trazer a mensagem que “assim já não pode mais ser”, “há algo de errado”, “a mudança é necessária”.
É então uma oportunidade para corrigir os erros ou sair da fantasia para caminhos mais sólidos e melhores.
Mas a crise é perigosa porque que muitas vezes tenta-se correr para o caminho mais visível e fácil. A nostalgia e a utopia são normalmente estes caminhos.

Nos países da antiga URSS nota-se um grande número de pessoas que gostariam do retorno ao passado, como se esquecessem a luta e sangue pela liberdade há vinte anos atrás.
Já alguns países onde nunca houve realmente o regime comunista sonham concretizá-lo. Hugo Chavez, presidente da Venezuela, luta por isso estando 10 anos no poder e já falando em mais 10 anos. Os venezuelanos vêem a perda gradativa da liberdade, mas muitos vêem como consêquencia inevitável e aceitável em nome do objetivo.

O comunismo é uma maravilhosa idéia no papel que nunca foi realizado e jamais poderá ser por meio de um ditador com armas na mão. O que está escrito no papel só tornar-se-á realizável quando todos tiverem o coração de Gandhi e Zemenhoff e a conciência de Einstein e Luther King, mas para isso é preciso muitas gerações.

Olhemos para Cuba, um símbolo vivo do fracasso do “comunismo possível”, quando todos, exceto os comandantes, tem os mesmos direitos e bens, e o bebê que hoje nasce já está condenado a não ultrapassar limites. Fidel Castro, agora Raul Castro, detém a verdade e ninguém tem o direito de discordar.

Eu aprendi que o que diferencia um animal de um homem é que o primeiro nasceu feito, acabado, tem seus limites estabelecidos e não discordará.
Um cachorro aceita que não pode voar. Um pássaro aceita que não irá nadar. Um cavalo nasceu já pronto, com suas quatro patas, olfato, visão e audição, e com seus instintos já não lhe falta mais nada para ser cavalo.
Porém o ser humano é diferente, não nasce acabado, não nasce pronto. Ele nasce e se formará com o tempo.
Ele se transforma em ser humano, formando-se num processo sem limites que termina apenas com a morte, e mesmo que ela venha com 90, 100 anos, ainda assim é sempre claro que ainda não estava acabado.
O ser humano nasce para se aperfeiçoar, pois suas possibilidades são infinitas.
E qualquer pessoa ou regime que limite-o, tenta igualá-lo aos irracionais,

Um comentário:

  1. Atardeci com esta resposta. Mas quero ainda dizer algo sobre este tema. Eu penso que o comunismo tem um papel muito forte na história latino-americana e mais específico na defesa contra o imperialismo dos Estados Unidos depois da doutrina de Monroe (Latino-America para os Americanos) em 1823. Aquele imperialismo está longe de ser acabado, se considerar a guerra contra as drogas. Pode dizer que é mal utalizá-lo, mas são os habitantes dos E.U.A. quem usa, quem pede. Se os EUA querem lutar contra as drogas, precisam lutar contra a procura do próprio país e não fazer guerra contra os narco-traficantes quem só satisfazem a esta procura.

    Mas bom, quase todos os 'heróis' quem agiram contra este imperialismo ou quem eram as vítimas dele eram comunistas. Pense em Simon Bolívar, Augusto Sandino e Salvador Allende. Por causa do imperialismo pode dizer que havia de fato na história do último século dois américas: a América conservador (EUA) e a América socialista (Latino-America). Se lembre que as ditaduras de direita (como no Brasil) eram colocadas pelos EUA e pois não era um país que tinha interesse no seu próprio povo ou o apoio deste povo. Assim era como o Chile de Pinochet ou a Argentina de Videla.

    Não conheço bem a história de Latino-America, mas parece que o socialismo é um aspeto importante na identidade de Latino-America. Chávez pretende construir uma república 'bolivariana'. É boa propaganda. Morales sublinha sempre as suas raízes índias (sem dúvida para mostrar que a Bolívia está livre do poder imperialista desde o colonialismo dos espanhóis no século XVI.

    Penso, além disso, que o comunismo tem um papel muito simbólico no terceiro mundo. Muitos líderes lá pretendem ter ideais e instalam uma ditadura sob o nome de 'comunismo'. O exemplo mais conhecido é a China, mas também a Angola e a Argélia por exemplo são oficialmente comunistas. Mas ouço muito sobre aquelas países, mas não tenho a ideia que eles seguem o ideais marxistas.

    De resto concordo com o seu análise (sobre a falta de liberdade do homem numa sociedade comunista), mas penso que o comunismo pode se consituir como uma parte da identidade da Latino-América. Só quero comentar/perguntar algo para você sobre a sua comperação do ser humano com os animais. Os cães não sabem voar porque não sabem construir aviões. Se você não tivesse a opção de voar, fazia tudo para sim saber / para ser mais de um animal?

    Penso que quis dizer que um ser humano sabe pensar e sente a necessidade de fazê-lo da sua própria maneira. De fato, neste plano concorde inteiramente com você, fazendo uma comperação com os animais. O comunismo que quer somente fornecer alimentação ao homem e pede como troca o seu apoio ao sistema. Os animais concordam sem dúvida porque comer é a única coisa que querem fazer (e um pouco brincar talvez...) e o homem quer também ter liberdade de pensar. Mas a relação como propriedades como 'voar' não entendo bem.

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